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‘Vá em paz Débora’ Quem é a jovem morta por engano “alvo era amiga da vítima”

É uma notícia trágica. Débora Rodrigues Cordeiro, uma jovem de apenas 22 anos, foi vítima de um terrível engano em Paranaguá, no Litoral do Paraná, nesta segunda-feira (10). Ela foi fatalmente atingida por quatro tiros.

De acordo com o relato registrado no boletim de ocorrência, testemunhas afirmaram que o atirador era uma figura conhecida na área. Além disso, há suspeitas de que o suspeito tenha agido sob ordens de outra pessoa.

Débora deixou para trás uma filha de quatro anos. Segundo seu irmão, que preferiu não se identificar, não havia razões aparentes para o assassinato de sua irmã. Ele a descreveu como uma pessoa tranquila e dedicada ao trabalho.

As autoridades confirmaram que Débora não era o alvo inicial do crime, mas sim a mulher que a acompanhava. Esta última era parceira de um traficante conhecido na região. A família da vítima equivocada suspeita que a jovem possa ter sido colocada em perigo pela própria amiga. O irmão dela sugeriu que poderia ter sido uma armadilha, conforme relatado ao Cidade Alerta Curitiba.

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No ano passado, o Brasil lamentavelmente registrou 1.463 casos de feminicídio, representando aproximadamente 1 caso a cada 6 horas. Esse triste número marca o maior registro desde a implementação da lei contra feminicídio em 2015.

O relatório divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) nesta quinta-feira (7) revelou um aumento de 1,6% em relação a 2022. A pesquisa destacou que 18 estados apresentaram taxas de feminicídio superiores à média nacional, que foi de 1,4 mortes para cada 100 mil mulheres.

Mato Grosso liderou o ranking com a maior taxa no ano passado, registrando 2,5 mulheres mortas por 100 mil habitantes. Em segundo lugar, com taxas de 2,4 mortes por 100 mil, ficaram Acre, Rondônia e Tocantins. O Distrito Federal ocupou a terceira posição, com uma taxa de 2,3 por 100 mil mulheres.

Os estados com as menores taxas de feminicídio foram o Ceará (0,9 por 100 mil), São Paulo (1,0 por 100 mil) e Amapá (1,1 por 100 mil).

Contudo, a pesquisa ressalta a necessidade de uma observação especial no caso do Ceará. O Fórum observou uma subnotificação expressiva, já que apenas uma pequena parcela dos homicídios de mulheres no estado recebe a classificação de feminicídio. Em 2022, por exemplo, dos 264 assassinatos de mulheres, apenas 28 foram tipificados como feminicídios, representando 10,6% do total de homicídios.

Desde a implementação da lei contra feminicídio, quase 10,7 mil mulheres foram vítimas desse crime no país. A ausência de dados anteriores se deve à inexistência de legislação específica sobre o tema antes desse período.

O que é feminicídio?

O feminicídio, termo cunhado para descrever o assassinato de mulheres em contextos de discriminação de gênero, destaca um cenário sério e persistente: milhares de mulheres são vítimas todos os anos no Brasil. Segundo o Mapa da Violência 2015, em 2013 ocorreram, em média, 13 homicídios femininos por dia, totalizando quase cinco mil ao longo do ano. No entanto, o enfrentamento das raízes dessa violência extrema ainda não recebe a atenção adequada no debate público, dada a gravidade do problema.

O feminicídio representa a manifestação mais grave das múltiplas formas de violência que as mulheres enfrentam em sociedades onde a desigualdade de poder entre os gêneros masculino e feminino é evidente, e onde existem construções históricas, culturais, econômicas, políticas e sociais discriminatórias.